quarta-feira, 22 de julho de 2015

Fui.


A última vez que estive no Brasil me assustei com o mundo de gente me falando que eu tive sorte de sair do país e que se fosse eu, não pensava mais em voltar. Foi assim no táxi, no dentista e assim com muitos amigos meus com carreiras e famílias consolidadas no Brasil. Tentei falar que, quando saímos do Brasil, há quase cinco anos, as coisas já estavam bem complicadas. Minha irmã retrucou: não, você não imagina, mas tá pior.

O brasileiro tá de saco cheio. O pobre, o rico, o remediado. E não é por razão de guerra, fome, peste como muitos que chegam em barcos furados aqui na Europa pedindo pelamordedeus para ficar. O Brasileiro tá de saco cheio dos politicos que elegeram, do famoso jeitinho institucionalizado que antes bonitinho e charmoso virou propinão sem graça.
Tá de saco cheio dos seus dois carros na garagem que não andam mais na cidade.  Puto com futebol feio e corrupto. Tá encolhido de medo atrás do vidro blindado.

Tô aqui fora,  vendo o belo Brasil que foi a esperança dos meus bisavós e avós imigrantes em um mundo melhor, virar do avesso.  Se estivessem vivos, como será que eles veriam a minha volta a Europa pelos mesmos motivos que os trouxeram ao Brasil?

Mas posso falar por mim, estar fora do Brasil tem sua dor, uma dor fina e eterna.  O Nizan Guanaes escreveu uma ótima crônica sobre isto esta semana na Folha.  A Revista Trip também fala disso na atual edição.  A batata tá quente. Se der, leia.

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