segunda-feira, 17 de novembro de 2014

A hora do breu

Tem um pouco de aflição do inverno. Tá, vai, não vou mentir, tenho bastante estranheza de tudo que diz a respeito deste tempo frio de natureza morta. Até gosto da sensação boa de estar em casa de camiseta com a calefação ligada e vendo o vento gelado derrubando o resto de folha seca lá fora. Gosto do queijo derretido, do vinho descendo fácil, da meia de lã e da neve caindo lá fora.
A minha aflição tem mais haver com a escuridão .  As cinco da tarde o sol dá tchau sem mais nem menos  como quem diz: - to indo para o Caribe seus branquelos! E tudo fica escuro. Não é uma noitinha caindo não, é um breu danado de alta madrugada. Nesta hora me dá uma confusão mental, parece que tenho que por pijama e me enterrar na cama mas ainda é cedo até para jantar. A pele do corpo vai trincando e mesmo passando uma tonelada de creme (que não passo), as minhas pernas ficam com uma aparência de réptil que é melhor nem olhar muito para não deprimir.
Mas tudo isto a gente supera. O duro mesmo é saber que o próximo ventinho mais ou menos quente só vai passar por você no mês de abril e até lá, dá-lhe casaco, bota, mão no bolso, carro com vidro congelado, olho lacrimejando no vento.
Mas nem todo brasileiro sofre que nem eu. Conheço vários que amam, se jogam nas pistas de esqui, nos fondues, compram gorros e luvas felizes, amam o vento gelado e o lábio rachado. Tenho uma  inveja nada branca deles (odeio este termo inveja branca, é o tal politicamente correto invadindo o mais primitivo dos pecados capitais).
Mesmo assim não fico deprê não, só fico mais quieta, mais em casa, mas pensativa e hoje em dia ter este tempo passando mais lento talvez seja um grande privilégio. Melhor curtir.






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