domingo, 25 de outubro de 2015

A volta.


A maioria dos meus amigos estrangeiros que moram aqui estão muito bem integrados e felizes com a Suíça. Já chamam este morar fora de casa, vão para seus países de origem visitar e voltam pra cá, suas casas. Chamam essa nova pátria com esta profunda palavra CASA.
Eu  ainda sofro a cada saída.  Saio do eixo, perco a referencia, me sinto novamente estrangeira. Como se tirasse uma casquinha do machucado e a carne volta a ficar exposta.
Dizem que a casa da gente fica onde o coração está. Mas será que quem escreveu isso nunca ficou com o coração dividido? um pedaço cá outro lá.
Faz uma semana que voltamos do Brasil. Viagem rápida, encontros rápidos meio rasos mas profundos ao mesmo tempo. Transito, dentista, família, praia, comida. Tchau, hora do aeroporto. Foi nesta velocidade alucinante que vivemos estes 15 dias de Brasil.
Agora a casquinha caiu e fico aqui esperando a nova casquinha formar para parar de doer. E a coisa toda se expande a nível familiar. A dor é das meninas também.
Mas não é uma desgraça, já conheço esta dor e sei que ela vai embora, questão de tempo, tempo, tempo.. Não sou muito de mimimi e pra mim, um ótimo remédio é sair caminhando. Caminho até cansar, vou olhando a paisagem e voltando a me habitar.  Funciona. Talvez seja um tipo de meditação.
Na minha familia se falava, e acho que era minha bisavó, que quase toda dor se cura com um passeio. Talvez ela falasse isto pois naquela época não tinha remédios e nem anti-depressivos. Tinha a dor e tinha o passeio e tinham que se virar com isto. Ah! Tinha a canja de galinha também, que segundo os ancestrais, levanta até desenganado.
Canja pro jantar e amanhã, Graças, é outro dia.








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