quarta-feira, 16 de março de 2016

Aquele abraço




Acho que como a maioria, fiquei p.. da vida com as última noticias políticas. Não sei se sou coxinha ou se sou povão por simpatizar com alguns escritores desbocados  intelectuais que admiro muito.
Aliás, é uma boa pergunta essa. Dá pra ser ao mesmo tempo branca,  da considerada elite, admirar escritores que remam contra a corrente e não ser coxinha? Ou sendo branca, da elite e pior, morando na Suíça me torno automaticamente Coxinha Mór? Sendo ou não, tô como todo brasileiro que acordou com a sensação de ter tomando um tapa ardido na cara. Pensei no 7 a 1, na Zika, em Mariana. Tá uma maré esquisita e é mundial.  Pensei nesse Trump ganhando estados nos Eua.
Ontem no bonde  minha amiga americana falou que estava com vontade de chorar, não sabia bem o porquê. Ela achava que não era tpm, era por causa do Trump, do cara motivando o povo contra imigrantes, a favor das armas, etc,etc. E eu nem consegui explicar pra ela quando ela me perguntou o que estava acontecendo no Brasil. Só falei que precisava descer dali a duas estações e que seriam necessárias pelo menos umas 20 pra entender mais ou menos a bagunça. Marcamos sábado na casa dela para eu explicar. Deus me ajude. Já me imagino começando... once upon a time a former president...
Mas não escrevo por isso, pois o Face está lotado de desabafos. Escrevo porque privilégio ou não, estou aqui vendo tudo de fora. To sentada aqui no meu escritório e está tudo certo lá fora. O ônibus chegando na hora, a escola pública acolhendo minhas filhas, a estrada sem nenhum buraquinho, prefeito indo trabalhar de bonde todo o dia.  Tudo como manda o figurino. Só que este cenário só entra na minha alma emprestado, não é de fato meu. Não me pertence. Meu coração bate pelo Brasil e sempre vai bater. O que eu queria mesmo é mandar um abraço apertado.  Dizer que é preciso ter esperança. E que a gente vai acertar o passo de novo, tem muita coisa boa acontecendo,  pequenas coisas, mas ainda sim, vitórias. Somos uma democracia e mesmo alguns escapando, tem muito nego sendo pego na roubalheira, tem gente fazendo ótimo cinema, tem cientista trabalhando contra o relógio, tem professor inventando um jeito de ensinar apesar da total falta de recurso, tem água caindo do céu e enchendo represa. Tem muito o que fazer eu sei, mas até isso é um bom sinal. Aqui tá tudo direitinho, nada muito mais por fazer, mas lendo a história recente deste país sei que  isso aqui já foi uma bela zona também com muitos ingredientes atuais do Brasil, menos com o sete a um.  Eles nem chegaram nas quartas, são bons em muitas coisa mas bem ruins de bola.

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