Vários minutos de silêncio

Aos poucos vou descobrindo que não há certo e errado na cultura de um povo. Ela simplesmente existe e cabe ao imigrante se adaptar ou não.
No último domingo tivemos o primeiro dia de sol e calor depois de um longo e tenebroso inverno. Pode parecer banal para quem vive nos trópicos, porém aqui, é de fato um dia que volta-se a respirar aliviado e alegria toma conta.
Nossas filhas passaram o dia no jardim da minha vizinha brasileira junto com seus filhos. Pularam na cama elástica, houve guerra de água, gritos e gargalhadas. Este barulho, que para mim soava como "volta a vida" infelizmente incomodou um casal de idosos que moram  duas casas adiante. Fizeram uma queixa para a síndica de nosso condomínio que nos avisou que domingo é para os suíços, o dia do descanso e de silencio e que portanto, nada de barulho de criança feliz brincando no quintal.
Este aviso foi e é para mim como um balde de água fria, um de vários que tomamos quando nos chocamos com a cultura local. É bom frisar que  nem todo suíço tem este comportamento, muito pelo contrário, é um povo bastante tolerante com outras culturas, porém existe este lado da preservação da ordem que está enraizado na cultura  e que nós todos nos beneficiamos com isto, afinal gostamos que não há praças mal cuidadas, não há lixo na rua, nem  música funk saindo do porta-malas do carro ao lado que acha que todo mundo tem que gostar da música alta que ele adora.
E assim  vou me tornando uma pessoa mais tolerante do que jamais fui. Aprendo que para viver em um outro país temos que encará-lo com tudo de bom e de ruim, sem ficar indignado. Ufa! é difícil , mas se não for assim, entramos em um espiral de críticas e comparações sem fim e nada vai mudar por sua causa. É pegar ou largar, simples assim. Respirar fundo ajuda!

ps. como não somos monges tibetanos é claro que já demos alguns apelidos para o casal reclamante, mas isto fica entre nós!